domingo, 15 de abril de 2012

OS MAIAS - O Passeio Final

Se tens o manual Plural 11, da Lisboa Editora, aqui tens mais propostas de resolução de algumas questões da leitura orientada:

Página 224
1. Representando Camões, a estátua simboliza a grandeza e a glória nacionais do passado. O contraste dessa época áurea com a decadência do presente explica a tristeza.
2. A repetição de “mesmo” acentua a ideia de estagnação, de não evolução da cidade e, por extensão, do país.
2.1. “Reentrando”; “nada mudara”; “conservava”; “reconhecia (…) sujeitos que lá deixara (…) já assim encostados, já assim melancólicos. (…) lá estacionavam ainda…”.
3. Os dois tipos de vadios distinguem-se pela sua condição social, percetível através da sua vestimenta (“em farrapos” / “de sobrecasaca”). A crítica visa especialmente o segundo grupo, os que politicavam, tão inúteis socialmente como os primeiros.
Página 225
1. “Entristecia”, “caixões”, “mancha lívida de uma caveira”, “friagem regelava”, “amortalhados”, “cheiro de múmia”, “sufocados”, “estrangulados”, “lágrimas”, “morria um resto de sol”, “infernal”, “sudários”, “envelheciam”, “prantozinho”, “desaparecendo”, “devorado”, “um raio de sol morria”, “cinza do crepúsculo”.
2. O excerto contém uma referência ao quadro da Condessa de Runa, que parecia também querer abandonar a casa, para “consumar a dispersão da sua raça”. Existem também referências a espaços religiosos (como o “claustro abandonado”), e à tristeza do jardim (como um “retiro esquecido”).
4. O ataque de espirros de Carlos e Ega, e a canelada do último contra um sofá, servem de contraponto cómico ao dramatismo da situação.
Página 227
1. O excerto situa-se no capítulo final do romance.
2. Carlos considera que é impossível evitar o falhanço; faça-se o que se fizer, não se pode fugir à desilusão, porque a vida nunca resulta naquilo que esperávamos dela.
4.1. O tempo cronológico vivido por Carlos no Ramalhete é objetivamente curto (não chegou a dois anos). No entanto, o tempo psicológico, ou seja, o tempo percecionado subjetivamente por Carlos, foi bastante mais longo, uma vez que foi um período importante e intenso.
4.2. — Não me admiro. Só aqui viveste realmente daquilo que dá sabor e relevo à vida – a paixão!
5. Ser romântico era para eles ser insensato, governado apenas pelos sentimentos, sem usar o pensamento racional. Por outro lado, ser racional era ser sem sabor, viver sem emoções, sempre lógico, enfim, o oposto de romântico.
6. Está completamente de acordo: aceitando o princípio de que a vida resulta sempre em desilusão, faz sentido não ter quaisquer expetativas, evitando assim as contrariedades e a frustração.
7. Se a felicidade estava em nada desejar, o facto de se esforçarem, correndo para apanhar o americano, não faz, aparentemente, sentido. Além disso, o fatalismo muçulmano inclui não ter contrariedades, o que torna incoerente o facto de Carlos lamentar o esquecimento do “paiozinho”. Estas incoerências refletem o próprio percurso incoerente de Carlos.

Mais algumas ideias sobre o episódio do Passeio Final:

A ideologia do trágico no Passeio Final

  O pessimismo existencial das palavras de Carlos constitui a mais radical negação do Naturalismo determinista e positivista.

  Este diálogo final desempenha a função de um epílogo ideológico que abarca o nível da intriga e o da crónica de costumes: desiludidos por uma existência marcada pela tragédia e pelo falhanço social, resta a Carlos e Ega a opção do fatalismo, que é , ao mesmo tempo, a descrença nas suas próprias possibilidades.

  No entanto, esta atitude de desprendimento contém ela própria uma faceta trágica: a impossibilidade de assumir coerentemente esta teoria de vida, uma vez que os ideais resultam em desilusão e poeira.

  Na verdade, bastou a lembrança de um “paiozinho com ervilhas” para eliminar a atitude de desprendimento e reavivar a vitalidade humana numa corrida ofegante.

A visão pessimista do Portugal da Regeneração

  No episódio do Passeio Final, Eça destaca a decrepitude e o aspeto lúgubre das pessoas, motivadas por valores que não acompanharam a evolução dos tempos.

  Em Lisboa as pessoas traduziam a decadência do país, caracterizando-se fundamentalmente pela ociosidade crónica que as levava a vagabundear, numa moleza doentia.

  Eça pretendia dissecar o período da Regeneração, posterior ao regime liberal, um momento politicamente estável (após a revolta chefiada por Saldanha, em abril de 1851), mas económica e culturalmente decadente.

  A “regeneração” do país não se efetivara de facto; este termo deveria ter significado o progresso a todos os níveis, de modo a situar Portugal entre os povos civilizados; porém, cerca de trinta anos após as lutas liberais, o país não renascera.

Aspetos fundamentais da sociedade portuguesa dos finais do século XIX apresentados no Passeio Final

  Imobilismo total. “Nada mudara.” (pág. 697).

  Provincianismo da sociedade lisboeta. “…com uma curiosidade de província, examinavam aquele homem de tão alta elegância…” (p.699).

  Falta de fôlego nacional para acabar os grandes empreendimentos. “— Ora aí tens tu essa Avenida! Hem?... Já não é mau! (…) E ao fundo a colina verde, salpicada de árvores, os terrenos de Vale de Pereiro, punham um brusco remate campestre àquele curto rompante de luxo barato – que partira para transformar a velha cidade, e estacara logo, com o fôlego curto, entre montões de cascalho.” (pp.701 e 702).

  Imitação acrítica do estrangeiro. “(…) Porque essa simples forma de botas explicava todo o Portugal contemporâneo. Via-se por ali como a coisa era. Tendo abandonado o seu feitio antigo, à D. João VI, que tão bem lhe ficava, este desgraçado Portugal decidira arranjar-se à moderna: mas, sem originalidade, sem força, sem carácter para criar um feitio seu, um feitio próprio, manda vir modelos do estrangeiro (…). Somente, como lhe falta o sentimento da proporção, e ao mesmo tempo o domina a impaciência de parecer muito moderno e civilizado – exagera o modelo, deforma-o, estraga-o até à caricatura.” (p.703)

  Decadência dos valores genuínos. “(…) no escuro bairro de S. Vicente e da Sé, os palacetes decrépitos, com vistas saudosas para a barra, enormes brasões nas paredes rachadas, onde, entre a maledicência, a devoção e a bisca, arrasta os seus derradeiros dia, caquética e caturra, a velha Lisboa fidalga!” (p.704).

2 comentários:

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