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1. Representando Camões, a estátua simboliza a grandeza e a glória
nacionais do passado. O contraste dessa época áurea com a decadência do
presente explica a tristeza.
2. A repetição de “mesmo” acentua a ideia de estagnação, de não evolução
da cidade e, por extensão, do país.
2.1. “Reentrando”; “nada mudara”; “conservava”; “reconhecia (…) sujeitos
que lá deixara (…) já assim encostados, já assim melancólicos. (…) lá
estacionavam ainda…”.
3. Os dois tipos de vadios distinguem-se pela sua condição social,
percetível através da sua vestimenta (“em farrapos” / “de sobrecasaca”). A
crítica visa especialmente o segundo grupo, os que politicavam, tão inúteis
socialmente como os primeiros.
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1. “Entristecia”, “caixões”, “mancha lívida de uma caveira”, “friagem
regelava”, “amortalhados”, “cheiro de múmia”, “sufocados”, “estrangulados”,
“lágrimas”, “morria um resto de sol”, “infernal”, “sudários”, “envelheciam”,
“prantozinho”, “desaparecendo”, “devorado”, “um raio de sol morria”, “cinza do
crepúsculo”.
2. O excerto contém uma referência ao quadro da Condessa de Runa, que
parecia também querer abandonar a casa, para “consumar a dispersão da sua
raça”. Existem também referências a espaços religiosos (como o “claustro
abandonado”), e à tristeza do jardim (como um “retiro esquecido”).
4. O ataque de espirros de Carlos e Ega, e a canelada do último contra um
sofá, servem de contraponto cómico ao dramatismo da situação.
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1. O excerto situa-se no capítulo final do romance.
2. Carlos considera que é impossível evitar o falhanço; faça-se o que se
fizer, não se pode fugir à desilusão, porque a vida nunca resulta naquilo que
esperávamos dela.
4.1. O tempo cronológico vivido por Carlos no Ramalhete é objetivamente
curto (não chegou a dois anos). No entanto, o tempo psicológico, ou seja, o
tempo percecionado subjetivamente por Carlos, foi bastante mais longo, uma vez
que foi um período importante e intenso.
4.2. — Não me admiro. Só aqui viveste realmente daquilo que dá sabor e
relevo à vida – a paixão!
5. Ser romântico era para eles ser insensato, governado apenas pelos
sentimentos, sem usar o pensamento racional. Por outro lado, ser racional era
ser sem sabor, viver sem emoções, sempre lógico, enfim, o oposto de romântico.
6. Está completamente de acordo: aceitando o princípio de que a vida
resulta sempre em desilusão, faz sentido não ter quaisquer expetativas,
evitando assim as contrariedades e a frustração.
7. Se a felicidade estava em nada desejar, o facto de se esforçarem,
correndo para apanhar o americano, não faz, aparentemente, sentido. Além disso,
o fatalismo muçulmano inclui não ter contrariedades, o que torna incoerente o
facto de Carlos lamentar o esquecimento do “paiozinho”. Estas incoerências
refletem o próprio percurso incoerente de Carlos.
Mais algumas ideias sobre o episódio do Passeio Final:
A ideologia do trágico no Passeio Final
O
pessimismo existencial das palavras de Carlos constitui a mais radical negação
do Naturalismo determinista e positivista.
Este
diálogo final desempenha a função de um epílogo ideológico que abarca o nível
da intriga e o da crónica de costumes: desiludidos por uma existência marcada
pela tragédia e pelo falhanço social, resta a Carlos e Ega a opção do
fatalismo, que é , ao mesmo tempo, a descrença nas suas próprias
possibilidades.
No
entanto, esta atitude de desprendimento contém ela própria uma faceta trágica:
a impossibilidade de assumir coerentemente esta teoria de vida, uma vez que os
ideais resultam em desilusão e poeira.
Na
verdade, bastou a lembrança de um “paiozinho com ervilhas” para eliminar a
atitude de desprendimento e reavivar a vitalidade humana numa corrida ofegante.
A visão pessimista do Portugal da Regeneração
No
episódio do Passeio Final, Eça destaca a decrepitude e o aspeto lúgubre das
pessoas, motivadas por valores que não acompanharam a evolução dos tempos.
Em
Lisboa as pessoas traduziam a decadência do país, caracterizando-se
fundamentalmente pela ociosidade crónica que as levava a vagabundear, numa
moleza doentia.
Eça
pretendia dissecar o período da Regeneração, posterior ao regime liberal, um
momento politicamente estável (após a revolta chefiada por Saldanha, em abril
de 1851), mas económica e culturalmente decadente.
A
“regeneração” do país não se efetivara de facto; este termo deveria ter
significado o progresso a todos os níveis, de modo a situar Portugal entre os povos
civilizados; porém, cerca de trinta anos após as lutas liberais, o país não
renascera.
Aspetos fundamentais da sociedade portuguesa dos finais do
século XIX apresentados no Passeio Final
Imobilismo
total. “Nada mudara.” (pág. 697).
Provincianismo
da sociedade lisboeta. “…com uma curiosidade de província, examinavam
aquele homem de tão alta elegância…” (p.699).
Falta
de fôlego nacional para acabar os grandes empreendimentos. “— Ora aí tens
tu essa Avenida! Hem?... Já não é mau! (…) E ao fundo a colina verde, salpicada
de árvores, os terrenos de Vale de Pereiro, punham um brusco remate campestre
àquele curto rompante de luxo barato – que partira para transformar a velha
cidade, e estacara logo, com o fôlego curto, entre montões de cascalho.” (pp.701
e 702).
Imitação
acrítica do estrangeiro. “(…) Porque essa simples forma de botas explicava
todo o Portugal contemporâneo. Via-se por ali como a coisa era. Tendo
abandonado o seu feitio antigo, à D. João VI, que tão bem lhe ficava, este
desgraçado Portugal decidira arranjar-se à moderna: mas, sem originalidade, sem
força, sem carácter para criar um feitio seu, um feitio próprio, manda vir
modelos do estrangeiro (…). Somente, como lhe falta o sentimento da proporção,
e ao mesmo tempo o domina a impaciência de parecer muito moderno e civilizado –
exagera o modelo, deforma-o, estraga-o até à caricatura.” (p.703)
Decadência
dos valores genuínos. “(…) no escuro bairro de S. Vicente e da Sé, os
palacetes decrépitos, com vistas saudosas para a barra, enormes brasões nas
paredes rachadas, onde, entre a maledicência, a devoção e a bisca, arrasta os
seus derradeiros dia, caquética e caturra, a velha Lisboa fidalga!” (p.704).
OBRIGADO PELA AJUDA!
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